terça-feira, 3 de maio de 2016

Anatomia do golpe - O realismo fantástico do Brasil e sua história surreal e circular

O governo é corruPTo.  Dilma é uma liderança fraca. Basta a corrupção. Lula enriquecido indevidamente e seu filho, dono da gigante do mercado de agropecuário (ainda que mergulhado em “profunda crise” ) Friboi.

Certo. Tudo isso você ouviu na fila do banco, do mercado, da padaria, ou no hoje suspenso pela justiça ( e seus espetaculosos juízes) Wazzup. Maior crise política de nossa história, partido mais danoso, responsável por atirar o país no buraco, o PT de Dilma precisa ser retirado o quanto antes de circulação, enquanto ainda podemos salvar nossa pátria amada, Brasil. Vamos aprofundar um pouco essa discussão?  

Todas as fontes a serem citadas tem seus direitos preservados*.



Risco país

Esse índice, medida dos mercados internacionais ao nível de seguridade de investimentos em países em desenvolvimento,  é mais uma amostra da “Mão invisível” a influenciar na economia mundial. A mesma que, segundo os países ditos desenvolvidos, deveria ser o mais isenta de interferências, buscando maior liberdade de atuação econômica e tudo o mais. 

A situação para Dilma  não é das melhores... Hoje, mesmo a vizinha Argentina (que declarou moratória) tem um índice mais bem avaliado. Espera um pouco, não faz muito tempo os argentinos mudaram seu caminho econômico, e ao invés da agenda “de esquerda” de Cristina Kirschner, abraçou o ideário de Maurício Macri, certo?  Bem, ao que tudo indica, a luade mel acabou, e o EsperançaCética torce, sinceramente, para que a ideia de golpe  impedimento não tome por lá o corpo que aqui tomou. Democracia, afinal, é coisa séria – Segundo o parecer democrático, crimes de responsabilidade e afins devem levar ao impeachment. Insatisfação popular e crise econômica devem ser resolvidos no cotidiano, com sociedade civil e seus representantes políticos devidamente eleitos trabalhando em conjunto, pelo bem de todos.

Só um adendo antes do próximo tópico: Apesar de vermos que mesmo em tempos de crise, os investimentos não param, vivemos, sim, ecos de uma crise mundial que veio a nos afetar (embora, por ocasião das políticas desenvolvidas de então e a recente descoberta do pré – sal) pelos idos de 2008. Uma pena que não houvesse alguém para nos alertar a respeito, tipo, um JPMorgan da vida.


Quén quén quén quer dinheiro?
                                    FIESP 1964 x FIESP 2016: mera coincidência


Investimentos em educação

Consenso dos consensos:  a educação pavimenta o desenvolvimento de um país, sendo necessária para o amadurecimento de um povo e sua capacidade de auto crítica/ gestão.

Gostaria de pincelar minha experiência pessoal no assunto. Sou negro. Nunca usei de nenhum discurso tipificado “vitimista”.  Não posso deixar de compartilhar o que foi a realidade na qual cresci. Boas escolas – a parte a Universidade Federal, nunca estudei em nenhuma instituição pública – boa alimentação, boa saúde (num misto de excesso de zelos de minha mãe com minha própria natureza pragmática/ racionalizada... ou, traduzindo, minha natureza medrosa e meticulosamente analítica, nunca quebrei um osso do corpo) e certa facilidade de conseguir emprego. Dou aulas de inglês e estou certo de que, se não logrei melhores cargos e salários atualmente, devo muito mais a minha escolha de não investimento pessoal e constante boemia. Muito obrigado, Valdecir e a todos do bar do Mãozinha. Volto dia desses pra pagar aquele fiado, eu juro.

Ah sim, me esqueci de comentar uma coisa. Fui adotado por uma família branca de classe média, e acredito ser esse o viés do meu relato a vocês. Digo isso porque não conseguia ver, nas instituições particulares aqui citadas, mais que 3 ou 4 outras crianças negras estudando ali ao meu lado. Sem exagero: Contabilizo do meu ensino fundamental ao pré - vestibular (sim, nada de cotas), outros 15 meninos e meninas da minha cor SOMANDO TODO O PERÍODO e as 5 escolas por onde passei. Eis que vem a UFES, e aí sim... 

Não, espera. Aí é que não. Dos 3 cursos incompletos (nenhum por via de cotas, claro) dos quais participei,  não foi possível encontrar em minha sala um número significante de negros. O curso de Letras – Inglês em 2005 foi o mais gritante – entre calouros e veteranos, não consigo puxar de memória mais do que 4 indivíduos – aí contando com esse que vos fala. Isso, claro, foi antes das temidas políticas de cotas, responsáveis tão somente por nivelar por baixo, criar vagabundos, entre outros. 

Muito asco trazem essas políticas afirmativas que em nada acrescentam senão curral eleitoral para os governos lulo-dilmo-chavez-cubo-petistas. Ou o que? Esses meninos das cotas vão chegar nas suas devidas comunidades onde a maior parte de seus ascendentes não tem sequer o ensino médio , olhar para os mais novos, entregues aos caminhos tradicionais da criminalidade e prostituição a bater no peito como exemplos, dizendo “consegui! Viva o sistema do mérito!” ?  Lamentável.

*A propósito, estive presente há coisa de uns dois anos na formatura dos alunos de Geografia da UFES, agora já com grande número de cotistas. O orgulho das famílias em ver ali os primeiros de gerações com um diploma universitário em mãos era palpável. Impossível para mim lembrar sem um arrepio gostoso vindo do mais profundo do meu ser.








Antes de encerrar esse tema, primeiro de uma série de esclarecimentos a serem trabalhados aqui, ressalto a importância do projeto Ciência sem fronteiras. Posso falar por mim mesmo de alguns amigos próximos que viveram ou vivem o programa. A oportunidade de suas vidas, como nunca antes. 


Traçando um paralelo com o que era a educação no Brasil no período pré 2002, trazemos dados oficiais para aqueles com boa vontade e paciência aqui e aqui.
Creio que isso sirva de termômetro para identificar intenções e esforços dos setores envolvidos, bem como, contar a trajetória de nossa história que vive a dar voltas e voltas em torno de si mesma, como um romance caduco de um escritor esquecido dessas republiquetas de bananas cá de baixo da América.

Na sequência pretendemos desmistificar os ídolos e os trâmites, senão sinistros, ao menos estranhos que cercam nossas leis e seus grandes defensores. Afinal, não me parece crível que a corrupção no brasil tenha uma só cor, um só partido e muito menos origem tão recente quanto 14 anos, ou treze.


 Pela minha família, pelo estado do Paraná, PelamordeDeus...








*Peço perdão por certas fontes de informação utilizadas nos links, corporações plutocráticas que não são conhecidas exatamente por sua isenção. Acredito, porém, que usá – las contra o discurso derrotista/golpista  de seus próprios veículos seja uma boa forma de trabalhar nosso senso crítico e tirar um necessário tempo de reflexão sobre “tudo isso que está aí”.       

2 comentários:

  1. Manel, o cara que já tinha uma mentalidade resolvida nos idos de 2002, o cara que já explorava ensaio sobre minorias e menos favorecidos a ponto de injustamente ser chamado de semi gay por mim e outros que não alçavam longe aos litros nem um ponto sequer do que você passava, o cara que com jeito singelo polido com sarcasmo vil, fazia nossos questionamentos sobre terra e humanidade serem mais sóbrios e dignos possíveis. Isso tudo já em 2002, quando não se ouvia nos botequins nem em grifes de triângulo os pitos e panelaços sobre politica e afins.

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  2. Obrigado, Seu Arruda. Prazer enorme de ter dividido o nobre malandragem-inquieta.blogspot.com.br, aqui também no Blogger com você. Bem como mesas, a sua casa, a sua vida.

    Meu irmão, saudades de quando as coisas tinham o viço de então, e tudo era a promessa. Pujança. Hoje, grassa a intolerância e a patrulha... A esperança e a promessa deram lugar as violências. Cabe a nós, homens e mulheres de boa vontade, fazer o que der para evitar que esse quadro piore.

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