quarta-feira, 13 de setembro de 2017

Considerações a respeito de nada




  Há uma grande confusão a respeito do nada. Entendemos o nada, em valor absoluto, muitas vezes como o zero. Nada foge mais da realidade. O nada está muito mais próximo do tudo. O nada é a mãe de todas as possibilidades.



  Como a família que não criei. A lua de mel que não chegou. É a risada que não busquei, como a lágrima ou a raiva reprimidas. A casa nunca arrumada e é a habilidade não desenvolvida. Muito pra além da impotência, o nada é a potencialidade latente, adormecida.



  No seu fluxo, intermitente, a fome que ignoro e o que me alimenta. Não tenho nada, não quero nada, e nada é tudo o que sou. Nele está o meu conforto. Longe do conforto do abraço quente, que nego e mais que tudo anseio. A palavra pequena de dizer mas dura de aceitar, o verbo - transitivo e intrasitável - que não alcanço, pois não reconheço e não admito. É o amor.




  Clichê batido, mercadoria cara. Mas é a carência maior de todos nós. Ouso abreviar suas quatro letras rasgando o papel e o sangrando o  livro mas não permito que saia de minha boca. Não me quero submeter, não me admito submisso. Se fosse dela, seria meu? Se desse a ela meus dias, minhas energias, fosse esse meu presente. Seria eu feliz? Caibo onde amo, ou só posso ali depositar pequena parte do que eu sou?

  Não saberia, estando - como de praxe - sempre bêbado. A menos, claro, que pudesse tragar o amor. Como se a minha humilde existência pudesse coexistir com algo tão grandioso. Como se amar a outro não fosse me trair. Não. Amar a outro é o último e mais cru dos gestos de traição. Aceitar que me ame, é concorrer com a angustia de outro que certamente se aleijaria um pouco ao me dar o que é de seu mais caro. Escolho não faze - lo porque não seria nunca capaz de tamanha vilania. Não poderia. Não com minha alma de poeta bêbado, que numa ressaca acorda abraçado a nada. Nenhuma amante, nenhum horizonte pra além da miopia emprestada de nosso tempo, nenhum propósito que me leve além. Duras que sejam as palavras, amarga que esteja essa ressaca em minha boca, nada disso supera em mim o sentido do amor como ausência, essa sim o éter que permeia o nada. 

  Mas quanta seja a  negação na qual me apoie, é o nada que ainda me abraça pela manhã, com a doçura de uma mãe e a ternura de uma esposa. Algemas, que estão presas como a um grande elefante de memória pesada como o tempo, não me prendem de verdade. Muito frágil para me conter, na minha potencialidade de ser humano a completar e sem Rosa dos ventos a guiar me.  Esse o nada, branco. Branco. Alabastrico pilar de minha vida, que ali não está porque lhe fujo. Não por covardia, ou que fuja para lhe perder, mas fujo apenas num jogo bobo de gato e rato (onde alguém, praga de mãe, uma hora enfim se cansa). Quem sabe um dia esteja pronto a devolver o abraço do nada que me espera logo ali, de braços abertos. Pilar suspenso que não prende ao chão.

Porque o nada, esse é o infinito.









terça-feira, 3 de maio de 2016

Anatomia do golpe - O realismo fantástico do Brasil e sua história surreal e circular

O governo é corruPTo.  Dilma é uma liderança fraca. Basta a corrupção. Lula enriquecido indevidamente e seu filho, dono da gigante do mercado de agropecuário (ainda que mergulhado em “profunda crise” ) Friboi.

Certo. Tudo isso você ouviu na fila do banco, do mercado, da padaria, ou no hoje suspenso pela justiça ( e seus espetaculosos juízes) Wazzup. Maior crise política de nossa história, partido mais danoso, responsável por atirar o país no buraco, o PT de Dilma precisa ser retirado o quanto antes de circulação, enquanto ainda podemos salvar nossa pátria amada, Brasil. Vamos aprofundar um pouco essa discussão?  

Todas as fontes a serem citadas tem seus direitos preservados*.



Risco país

Esse índice, medida dos mercados internacionais ao nível de seguridade de investimentos em países em desenvolvimento,  é mais uma amostra da “Mão invisível” a influenciar na economia mundial. A mesma que, segundo os países ditos desenvolvidos, deveria ser o mais isenta de interferências, buscando maior liberdade de atuação econômica e tudo o mais. 

A situação para Dilma  não é das melhores... Hoje, mesmo a vizinha Argentina (que declarou moratória) tem um índice mais bem avaliado. Espera um pouco, não faz muito tempo os argentinos mudaram seu caminho econômico, e ao invés da agenda “de esquerda” de Cristina Kirschner, abraçou o ideário de Maurício Macri, certo?  Bem, ao que tudo indica, a luade mel acabou, e o EsperançaCética torce, sinceramente, para que a ideia de golpe  impedimento não tome por lá o corpo que aqui tomou. Democracia, afinal, é coisa séria – Segundo o parecer democrático, crimes de responsabilidade e afins devem levar ao impeachment. Insatisfação popular e crise econômica devem ser resolvidos no cotidiano, com sociedade civil e seus representantes políticos devidamente eleitos trabalhando em conjunto, pelo bem de todos.

Só um adendo antes do próximo tópico: Apesar de vermos que mesmo em tempos de crise, os investimentos não param, vivemos, sim, ecos de uma crise mundial que veio a nos afetar (embora, por ocasião das políticas desenvolvidas de então e a recente descoberta do pré – sal) pelos idos de 2008. Uma pena que não houvesse alguém para nos alertar a respeito, tipo, um JPMorgan da vida.


Quén quén quén quer dinheiro?
                                    FIESP 1964 x FIESP 2016: mera coincidência


Investimentos em educação

Consenso dos consensos:  a educação pavimenta o desenvolvimento de um país, sendo necessária para o amadurecimento de um povo e sua capacidade de auto crítica/ gestão.

Gostaria de pincelar minha experiência pessoal no assunto. Sou negro. Nunca usei de nenhum discurso tipificado “vitimista”.  Não posso deixar de compartilhar o que foi a realidade na qual cresci. Boas escolas – a parte a Universidade Federal, nunca estudei em nenhuma instituição pública – boa alimentação, boa saúde (num misto de excesso de zelos de minha mãe com minha própria natureza pragmática/ racionalizada... ou, traduzindo, minha natureza medrosa e meticulosamente analítica, nunca quebrei um osso do corpo) e certa facilidade de conseguir emprego. Dou aulas de inglês e estou certo de que, se não logrei melhores cargos e salários atualmente, devo muito mais a minha escolha de não investimento pessoal e constante boemia. Muito obrigado, Valdecir e a todos do bar do Mãozinha. Volto dia desses pra pagar aquele fiado, eu juro.

Ah sim, me esqueci de comentar uma coisa. Fui adotado por uma família branca de classe média, e acredito ser esse o viés do meu relato a vocês. Digo isso porque não conseguia ver, nas instituições particulares aqui citadas, mais que 3 ou 4 outras crianças negras estudando ali ao meu lado. Sem exagero: Contabilizo do meu ensino fundamental ao pré - vestibular (sim, nada de cotas), outros 15 meninos e meninas da minha cor SOMANDO TODO O PERÍODO e as 5 escolas por onde passei. Eis que vem a UFES, e aí sim... 

Não, espera. Aí é que não. Dos 3 cursos incompletos (nenhum por via de cotas, claro) dos quais participei,  não foi possível encontrar em minha sala um número significante de negros. O curso de Letras – Inglês em 2005 foi o mais gritante – entre calouros e veteranos, não consigo puxar de memória mais do que 4 indivíduos – aí contando com esse que vos fala. Isso, claro, foi antes das temidas políticas de cotas, responsáveis tão somente por nivelar por baixo, criar vagabundos, entre outros. 

Muito asco trazem essas políticas afirmativas que em nada acrescentam senão curral eleitoral para os governos lulo-dilmo-chavez-cubo-petistas. Ou o que? Esses meninos das cotas vão chegar nas suas devidas comunidades onde a maior parte de seus ascendentes não tem sequer o ensino médio , olhar para os mais novos, entregues aos caminhos tradicionais da criminalidade e prostituição a bater no peito como exemplos, dizendo “consegui! Viva o sistema do mérito!” ?  Lamentável.

*A propósito, estive presente há coisa de uns dois anos na formatura dos alunos de Geografia da UFES, agora já com grande número de cotistas. O orgulho das famílias em ver ali os primeiros de gerações com um diploma universitário em mãos era palpável. Impossível para mim lembrar sem um arrepio gostoso vindo do mais profundo do meu ser.








Antes de encerrar esse tema, primeiro de uma série de esclarecimentos a serem trabalhados aqui, ressalto a importância do projeto Ciência sem fronteiras. Posso falar por mim mesmo de alguns amigos próximos que viveram ou vivem o programa. A oportunidade de suas vidas, como nunca antes. 


Traçando um paralelo com o que era a educação no Brasil no período pré 2002, trazemos dados oficiais para aqueles com boa vontade e paciência aqui e aqui.
Creio que isso sirva de termômetro para identificar intenções e esforços dos setores envolvidos, bem como, contar a trajetória de nossa história que vive a dar voltas e voltas em torno de si mesma, como um romance caduco de um escritor esquecido dessas republiquetas de bananas cá de baixo da América.

Na sequência pretendemos desmistificar os ídolos e os trâmites, senão sinistros, ao menos estranhos que cercam nossas leis e seus grandes defensores. Afinal, não me parece crível que a corrupção no brasil tenha uma só cor, um só partido e muito menos origem tão recente quanto 14 anos, ou treze.


 Pela minha família, pelo estado do Paraná, PelamordeDeus...








*Peço perdão por certas fontes de informação utilizadas nos links, corporações plutocráticas que não são conhecidas exatamente por sua isenção. Acredito, porém, que usá – las contra o discurso derrotista/golpista  de seus próprios veículos seja uma boa forma de trabalhar nosso senso crítico e tirar um necessário tempo de reflexão sobre “tudo isso que está aí”.       

domingo, 20 de março de 2016

Esperança Cética (Momentum)






 Nossas preocupações se materializaram. Medo, dúvida, ignorância e rancor tomam de assalto os corações e mentes. Lembro que há uns meses, apreensivos, discorríamos cenário por cenário, apenas para assistirmos hoje, estupefatos, o desvelar da caixa de Pandora. Da besta fera então sentia -se o hálito podre, apenas.


 Tudo que prevíamos estava errado; a realidade é uma maçante e dura barra de ferro, removendo todos nossos dentes a um golpe (e sem anestesia). Então tínhamos a impressão que os homens de bem se pareavam em honrada comunhão, baluartes da moral e do bem servir ao reino, grassando as praças e jardins com suas armaduras douradas. Os domingos nunca foram tão belos, as famílias nunca antes tão plenas. Hoje as máscaras caíram, e vemos duendes, anões, punguistas e impostores ameaçando a paz e a ordem em troca de alguns trocados.


 Hoje os velhos não mais estão seguros em suas casas; o que impede de serem acossados como animais, ao romper da manhã? nem bem o galos incitam a mais uma jornada, os capitães do mato atiçam seus cães, sob aplausos ignaros da caravana cretina. Pois que é preciso trazer “a mudança”, alternância entre o velho e o novo, tal qual pêndulo invisível levando – nos adiante (para pouco depois nos devolver ao nosso devido lugar). Nisso Todos concordam, o que em si já serviria como sinal de alerta. Toda unanimidade é burra, e não sou eu quem o diz.



          
                                                                *

  O alvoroço vem de cima. Criminosa queimada - fogueira de vaidades- e poderia soar como um grito de Prometeu revoltoso, mas não passa mesmo é de pura vilania. A agressão é urdida por travestidos tiranos trajando togas ou ternos. Em todas as cores, espectros (do azul ao vermelho) posam de heróis, por longe que passem disso. Nobres apenas de título, tais senhores, pastores, salivam de avidez e cobiça para retomar o rebanho o qual lhes foi tirado. Amalgamados monstros com cara de santos, mãos de rapina, garras de corvo, cauda de pavão.


 Ouço ranger de dentes, passos no forro. Rezo a um Deus que dizem ser um meu patrício; nunca o vi, nunca consigo conversei. Está morto, é o que dizem. ainda assim, desconfiado, rezo. Rezo e espero pelo pior. É um modo pessimista de ver as coisas, todavia, racional. É esse o meu método, e você pode chama – lo esperança cética.  Não faz diferença, pois só o que vejo e sinto é o que importa. O que é, não o que se fala. Eis que o que vejo não são mudanças; são variações de um mesmo tema. Um cabo de guerra onde os mais fracos relutam em se ajudar, mal acostumados em sua tenra subserviência... 

 Lamentos ocorrem alhures e algures, sinceros, amiúde. Sim, existe uma crise. Uma crise de honestidade. Falta nos sermos honestos e admitir que enquanto não formos um pelo outro, seremos, para sempre, um contra o outro.


domingo, 28 de fevereiro de 2016

Under the same moon




   Our pale blue world keeps spinning round. it is still quite difficult to tell where will the spins end up. Nevertheless, we are still under the same moon.  


    I remember you teaching me all about it, and find myself in the act of laughing - that same old maniac grin that would at a time keep you both amazed and scared. I may be scared to these days, you know? Quite hard  to tell  through all these mists, all the same old smoke curtain to my too well known misfit self. What about the ego? well, that's a whole nother story. Nevertheless, we are still under the same moon.





                                  




  Do you remember all that witchery crap, when that old lady looked inside the gentle wild nebula of your iris and, with a rehearsed solemn tone ( the gravest of all the reharsed solemn tones) when  she told "you' ll meet a tall dark stranger", whilst denuded that sweet mess, the childish dark matter  consisting in those gorgeous hazel eyes of yours.   Maybe I got a bit emotional again. Hard to tell after all these moon cycles, all these fantastic discoveries on day by day life, such as Goddamn particles, gravitational  waves, life outside ourselves and the rise and fall of new Star crossed lovers. Oh! And the taxes, let's not forget death and taxes.
 Nevertheless, we are still under the same moon.





                                                                      *            *            * 




  Yet I can't really tell why am I telling you all  this. Why to share all that we once had, all that we left unshared and all that came after, therefore, no longer shareable.

Like all the speeches I gave you, All those lectures from you received, the matter of such the lunatic am I. I barely could now, being a lunatic, after all. but you did. you always did, for you' e always been an young lady trapped In a soul as old and free as life itself only. And even freer, whenever the word does truly exists either in English, in Portuguese, French or any other language speaken by Men.
  One way or another, here I am, and here are you not. In fact we never have been together at the same space and the same time. As it seems, we belonged apart, doing no more than overlapping dimensions and realities,  maybe? Nevertheless, is just you and me. Or, at least, it used to be, in a parallel universe, in a given time we both gave up, surely not in the same space of time. Nevertheless, we are still under the same moon.


sábado, 23 de janeiro de 2016

13 de maio, 21 de abril, 4 de julho e um dia qualquer de janeiro




 Olha que loucura, essa noite eu acordei gargalhando.

 Gargalhada que esteve por tanto tempo presa em minha garganta. Logrou escapar, se cuspindo boca afora. Eu ali. Estático. Como em êxtase. Extático?
Extasiado?

 Ria louco, ria leve. Ria, olha só, assim como  que liberto. Não mais preso, como se não fossem teus braços meus grilhões. Assustado, como não fosse mais teu sexo minha casamata. Teu colo, não mais meu leito de coma. Como já não fosse só Teu, mas como meu mesmo também, estranha espécie de guarda compartilhada do ser incompleto e imperfeito que, sabemos todos, que sou. E já pronto estaria para enfim me entregar.




 Pois pra me dar a ti, precisaria teu não ser. Meu. Posse conspícua, inelegível e inalijável. Meus seriam minhas vontades, meus os meus pensamentos. Não teria senão minhas virtudes e minhas intenções a guiar meus dias, e assim, possuir de fato e de direito minha estrada e meu timão. Eu senhor de meus próprio tempo e hora, capataz e capitão de meus vagos dias sobre a terra.

 Aí então, no meio da noite, acordaria num ataque histérico de risos, falta de ar e gozando as mais ácidas lágrimas. Brancas como leite, vindo como do coma, de um transe, só para te alvorecer clara e nua a meu lado. Em meus braços. Onde pudesse derramar - me enfim em derradeiros leite e leito.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

2.0.1.5 no retrovisor



Uma revista chama as ruas um povo atônito ante tanta corrupção. Um povo que vai as ruas sem lembrar de onde vem e sem tampouco saber onde vai dar.



                                                           
   Brasil: um país de tordos


Um grupo terrorista age de maneira covarde e impõe medo e desesperança a todos os povos.

                                               
         You know nothing, innocent. Tcham!


Há um impedimento.

Sagra - se outra vez campeão aquele grande time, onde atuam aqueles grandes jogadores (uns mais espetaculares, outros mais midiáticos.).




Porque bom mesmo era antigamente.



Uma catástrofe.


                                          
                                               O tempo passa, o tempo voa. De boa?


                       

30 anos. Smile and wave.



                                     
                                            Cara pau de um, focinho de tomada do outro



   
Crianças brigam, mas depois acabam ficando em paz.

                             
                                   Descaso e esquecimento. Sintomas claros de hipocrisia.





Um telefone que toca:

- alô?

- Epa! E aê? Novidades?

-Nã. Sacomé. Tudo na mesma...

- Pode crer. Tudo na mesma.

terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Alpha Bravo Crisis



My world is no more. Nevertheless, there are no changes at all. My soul could not get any darker, my head barelly would get any more enlightned and though not that fulfiled, I could not be any less delighted.








Poetry is dead. Poverty, on the other hand, is all over. Black dog goes over and over. Like chasing the tail. Just waiting, God knows what for. But there are no Gods, after all. No working class party saviour, no miraculous way out. Nothing but the same “left right left right” tune, just like before that FiatLux stuff.



I can’t seem to fit any clothes, any shoes, any space between these commas. Like a former hero – world class fighter, I took too many hits on the head. Like that old football player no one even recognize at the Market queue. Like a former F5 pilot, in Coma due to a misplaced rug and a pathetic fall in a Holiday trip. Trying  to find a way out. Or in. Any way.



My friends are nowhere near to be seen. My problems change names and faces, but never leave me alone. Pink Floyd, The cure, the Pi number (constant) keep the same. So does my sarcasm and sweet apathy. And the Alpha, the omega symbolism, still feed me all the empathy that I need to keep it coming. Guess only that and Brit rock’s for sure.