terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Da esperança 1

Ou The times they are a' changing




O antecipado  mundo globalizado do futuro, através de mercados e  conexões virtuais  já chegou  a nós  de maneira tão orgânica que  mal o vimos se estabelecendo.  Não é exagero dizer - ou mesmo novidade - que nos últimos 50 anos a espécie humana revolucionou como nunca antes sua forma de produzir e reproduzir conhecimento, num vórtice violento de interatividade ininterrupta. Um mundo sem fio que jamais fica offline.


Para mim, que cresci  admirado com as tecnologias que via surgindo a velocidades cada vez mais estonteantes, é desconcertante  ver que as gerações posteriores a minha encarem tudo isso com tanta naturalidade. Coisas do Zeitgeist, por certo. Esse assombro, no  entanto, compartilharei noutras oportunidades. O papo hoje é sobre a guerra dos meninos, mais especificamente,  dos meninos de São Paulo.




 Viva! La erte!
                                                                                        
                                                                    todos os direitos (p)reservados



Do começo: Os bandeirantes paulistanos, representados pelo Sr. Geraldo Alcakmin, decidiram cortar gastos. Até aí tudo bem,  afinal, a austeridade é hoje pedra de toque da administração pública e privada, num Brasil sacudido por crises institucional e política  como num mundo ainda se recuperando da última crise econômica (aquela d@s bolhas). O problema é como ele resolveu fazer o corte. Uma atrapalhada reforma escolar, onde seriam fechadas quase cem escolas, salas seriam mescladas (resultando em superlotação e consequente queda de aproveitamento) e o fim da linha para muitos alunos. 


Ou o que esperar de um aluno de EJA ou outro de período noturno  que, trabalhando durante o dia, se vê de uma hora para outra, transferido para locais distante do emprego, inviabilizando a já sacrificada jornada a qual a maioria de nós se vê obrigado a trilhar em busca de formação profissional? 




                             

                                                                Deixai vir a mim





Vendo seus futuros ameaçados por um governo que sequer se dignou a convocar discussões (a exemplo do que aconteceu mais cedo esse ano nas terras de Beto Richa, onde faltou boa educação e sobrou até pros jornalistas, atacados por cães raivosos e pitbulls), o que fazer?




                                                           Clique na imagem para relembrar






Os jovens não pensaram duas vezes e ocuparam o espaço que é seu por direito. A adesão foi aumentando, aumentando e o número passou das 220 escolas! A opinião pública, em parte ajudada pela "grande" mídia, se dividiu. Aulas paralisadas, faltando tão pouco para o fim do ano letivo? Tanto barulho por mera realocação de vagas? 

Ora, Fulaninho e Sicraninho já não iriam mais para a mesma escola, mas e daí? Quem estaria por trás dessa baderna?  como pode -se protestar em pleno dia útil? Quem vai encher o pixuleco? O que se passa na cabeça desses moleques? 

Vandalismo! Invasão!





                                                                  Sophia Alckmin recomenda: look básico com camisa CBF




Como pincelamos anteriormente no texto, a coisa vai pra bem 

além do incômodo de estudar longe de casa, ou de "ter de fazer 
novos amiguinhos". Os  pais logo foram descobrindo - só posso 
crer que com enorme orgulho - o quão politizados e mobilizados 

estavam seus filhos. Surpreenderam até dinossauros de movimentos 
sociais, como Laerte. Palavras dela:

  

“Estou abismada. Acho que nunca teríamos feito uma coisa desse teor", afirmou em referência à sua geração. “Não sei o que vai mudar. O que eu gostaria muito que ocorresse era uma resposta de abertura para negociações. Uma compreensão do governo de que não é possível fazer esse movimento sem ouvir a sociedade.”






A fala se deu antes da decisão de Alckmin em voltar atrás e
anunciar a suspensão¹ das medidas no fim de semana. Pelo sim,
pelo não, os alunos resolveram que vão continuar ocupando as
escolas, até que o tucano revogue em definitivo² o decreto da
reorganização.

Fica de tudo isso a esperança de que talvez o "gigante" tenha 

de fato acordado, vivendo através desse organismo complexo 
que são as redes sociais - sejam elas virtuais ou não - grassando 
no que temos de melhor: material humano. A vitória não poderia 
vir em melhor momento. Estamos todos, afinal, com muita fome
de justiça e democracia.





 crédito aos verdadeiros protagonistas
                                      
                                          A chef  Paola Carosella, dando seu apoio a causa




                                               




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