sábado, 23 de janeiro de 2016

13 de maio, 21 de abril, 4 de julho e um dia qualquer de janeiro




 Olha que loucura, essa noite eu acordei gargalhando.

 Gargalhada que esteve por tanto tempo presa em minha garganta. Logrou escapar, se cuspindo boca afora. Eu ali. Estático. Como em êxtase. Extático?
Extasiado?

 Ria louco, ria leve. Ria, olha só, assim como  que liberto. Não mais preso, como se não fossem teus braços meus grilhões. Assustado, como não fosse mais teu sexo minha casamata. Teu colo, não mais meu leito de coma. Como já não fosse só Teu, mas como meu mesmo também, estranha espécie de guarda compartilhada do ser incompleto e imperfeito que, sabemos todos, que sou. E já pronto estaria para enfim me entregar.




 Pois pra me dar a ti, precisaria teu não ser. Meu. Posse conspícua, inelegível e inalijável. Meus seriam minhas vontades, meus os meus pensamentos. Não teria senão minhas virtudes e minhas intenções a guiar meus dias, e assim, possuir de fato e de direito minha estrada e meu timão. Eu senhor de meus próprio tempo e hora, capataz e capitão de meus vagos dias sobre a terra.

 Aí então, no meio da noite, acordaria num ataque histérico de risos, falta de ar e gozando as mais ácidas lágrimas. Brancas como leite, vindo como do coma, de um transe, só para te alvorecer clara e nua a meu lado. Em meus braços. Onde pudesse derramar - me enfim em derradeiros leite e leito.

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